Riqueza, mostrada em escala

À medida que prosseguimos, tente ter em mente: toda essa riqueza é controlada por um grupo tão pequeno que caberia em um único avião 747, com 260 assentos sobrando.

Até o momento em que este artigo foi escrito, os testes nos Estados Unidos estão muito aquém do necessário para reabrir a economia. Segundo algumas estimativas, aumentar suficientemente os testes para cerca de 30 milhões de testes por semana custaria cerca de $ 100 bilhões no total, ou cerca de 3% da riqueza atualmente controlada pelos 400 americanos super ricos.

A malária é uma das piores doenças infecciosas já visitadas na humanidade, possivelmente matando mais pessoas do que qualquer outra doença infecciosa da história. Somente no século XX, a malária matou mais pessoas do que a Peste Negra.

O coronavírus nos mostrou todos os horrores de viver com uma doença mortal. Infelizmente, para grande parte do mundo, esse horror era uma característica constante da vida cotidiana, mesmo antes do coronavírus.

Esses números são ainda mais chocantes quando você descobre que a malária mata predominantemente crianças, cerca de dois terços das mortes por malária a cada ano são crianças menores de cinco anos. São cerca de 285.000 crianças por ano.

Todas essas mortes são evitáveis. Tratar e prevenir a malária é uma ciência bem compreendida, praticada universalmente no mundo desenvolvido.

Estima-se que a malária possa ser erradicada globalmente até 2030 por um custo em torno de $ 1,84 por pessoa em risco por ano para o governo, ou cerca de $ 100 bilhões no total. Isso representaria cerca de 3% da riqueza atualmente possuída pelos 400 americanos mais ricos.

Hoje, cerca de 800 crianças morrerão de malária. Um pequeno grupo de pessoas super-ricas poderia detê-lo por uma quantia de dinheiro tão pequena que provavelmente nem notaria sua ausência. Mas eles escolhem não.

O recente estímulo ao coronavírus foi o maior já aprovado pelo congresso. Foi financiado inteiramente através de gastos deficitários, que serão pagos pelos contribuintes por gerações. O ônus de pagar essa dívida poderia ser apagado em um instante com um imposto sobre os super-ricos, tão pequeno que eles nem sentiriam.

A riqueza de 400 americanos poderia ter financiado toda a lei CARES (Auxílio, Socorro e Segurança Econômica do Coronavírus), incluindo resgates corporativos, aumento do desemprego e testes ampliados - com quase um trilhão de dólares restantes.

Em vez disso, o contribuinte americano ficará preso à conta.

A partir de 2019, cerca de 38 milhões de americanos viviam na pobreza. Se os americanos em situação de pobreza fossem um estado, seriam o segundo maior em população. Há mais americanos vivendo na pobreza do que toda a população do Canadá, ou todos os habitantes de São Paulo/BR. Provavelmente há milhões mais empobrecidos com resultado do coronavírus, mas esses números ainda não são totalmente conhecidos.

Cada pessoa na América poderia ser elevada acima da linha da pobreza com um subsídio único de cerca de $ 10.000 por família empobrecida (e cerca de $ 7.000 para indivíduos empobrecidos). O custo total seria de $ 170 bilhões, pouco mais de 5% da riqueza atualmente controlada por 400 indivíduos.

Pode parecer contra-intuitivo que um subsídio único possa ter um impacto duradouro na pobreza crônica, mas uma das verdades surpreendentes sobre a pobreza é que ela é fluida. Os americanos entram e saem da pobreza muitas vezes ao longo de suas vidas, e um bom ano pode ter um efeito maciço e duradouro.

Agora, uma grande quantidade de dados apoia a ideia de que transferências únicas de uma só vez de dinheiro podem transformar permanentemente uma economia local. Dado um lucro inesperado, as pessoas investem em seu futuro. Eles voltam para a escola, obtêm transporte, pagam assistência à infância, pagam dívidas debilitantes e fazem várias coisas para melhorar suas perspectivas de carreira e futuro financeiro.

Nos EUA, para todas as pessoas que escapam da pobreza em um determinado ano, cerca de metade fica fora da pobreza por pelo menos cinco anos depois. Cerca de um terço ainda está fora da pobreza dez anos depois.

Isso não seria uma solução permanente para todos os americanos. Certamente, alguns retornariam rapidamente à pobreza e outros enfrentariam dívidas tão grandes que o subsídio faria pouca diferença. Mas para dezenas de milhões de americanos, esse seria um evento eficaz que mudaria a vida. Seria uma geração que definiria o programa social que remodelará nossa economia nas próximas décadas.

Em 2018, a receita federal tributária combinada entre todas as famílias norte-americanas que ganham menos de $ 80.000 por ano foi de cerca de $ 200 bilhões. Esse dinheiro, retirado inteiramente de americanos pobres e de classe média, poderia ser devolvido por uma pequena fração da riqueza controlada por 0,0001%.

Cerca de 844 milhões de pessoas não têm acesso a água limpa de qualquer tipo. Aproximadamente o mesmo número não tem acesso a um banheiro ou latrina de qualquer tipo e, portanto, defeca ao ar livre.

A água contaminada é uma das principais fontes de doenças, incluindo cólera, disenteria e febre tifóide. Estima-se que a água contaminada mate cerca de 829.000 pessoas por ano, tornando-a uma das maiores causas de morte no mundo. O custo para fornecer água limpa e disposição de resíduos para todos na Terra seria cerca de $ 240 bilhões, ou 8% da riqueza controlada pelos 400 americanos super ricos.

OK, agora que estabelecemos a escala de desigualdade nos Estados Unidos, ousemos sonhar um pouco mais.

Existem cerca de 128 milhões de famílias nos Estados Unidos. Dar a cada um $ 10.000 custaria $ 1,28 trilhão, ou cerca de 43% da riqueza controlada por 400 americanos.

Enquanto os americanos debatem como e quando abrir a economia após o coronavírus, somos frequentemente apresentados a uma escolha aparentemente impossível entre arriscar milhões de vidas e entrar em uma grande depressão através de um bloqueio contínuo. Isso é uma mentira repugnante.

O dinheiro para resistir a esta tempestade, mantendo a quarentena, existe, é apenas uma questão de encontrar a vontade política de enfrentá-la.

Esses programas combinados transformariam completamente nosso mundo. Ao redistribuir essa riqueza, milhões de vidas seriam salvas. Bilhões seriam resgatados da pobreza e das doenças. Ao incomodar apenas 400 pessoas, toda a raça humana poderia avançar para um novo nível de desenvolvimento sem precedentes.

É realmente tão radical sugerir que esta é a coisa certa a fazer? Dada a escolha entre milhões de mortes e diminuindo ligeiramente a sorte de algumas pessoas super-ricas, como alguém poderia concluir que a morte de milhões é preferível? Sem falar que o que informamos até então são os super-ricos dos EUA, ainda tem os super-ricos do Brasil, do Japão, da China, do continente Europeu, do continente Africano, e assim por diante...
E aqui no Brasil se taxarmos as grandes fortunas em 0,5% a 1%, a expectativa de arrecadação anual é de R$ 70 a 80 bilhões.